Existem dois tipos diferentes de gêmeos:
Gêmeos MZ se desenvolvem quando um óvulo é fertilizado por um único espermatozoide e durante as duas primeiras semanas após a concepção, o embrião em desenvolvimento se divide em dois. O resultado é o desenvolvimento de dois bebês geneticamente idênticos.
Gêmeos DZ ocorrem quando dois óvulos são liberados em uma única ovulação e são fecundados por dois espermatozoides diferentes. Esses dois óvulos fertilizados se desenvolvem de forma independente no útero. Os gêmeos DZ possuem a mesma relação genética que irmãos não gêmeos, por isso a nomenclatura gêmeos fraternos.
As taxas de natalidade de gêmeos MZ são consistentes entre todas as raças (cerca de 4 a cada 1000 nascimentos), mas a incidência de gêmeos DZ varia entre as raças (8 a cada 1000 nascimentos entre os caucasianos, 16 a cada 1000 nascimentos entre as pessoas de ascendência africana, e 4 a cada 1000 nascimentos entre os asiáticos). A predisposição genética ou característica herdada à geminação DZ existe em algumas famílias, mas a consistência de geminação MZ entre todas as populações sugere que essa é uma ocorrência aleatória não é influenciada por genes.
Um aumento dramático no número de gêmeos DZ, trigêmeos e quadrigêmeos tem ocorrido devido aos novos tratamentos para a infertilidade disponíveis. A maioria dos tratamentos para infertilidade, desenvolvidos a partir da década de 70 envolve o uso de hormônios para estimular a ovulação de mais de um ovo. Em tratamentos em que os óvulos maduros são colhidos e fertilizados fora do corpo da mulher, como é o caso na fertilização in vitro, dois ou mais embriões são rotineiramente transferidos de volta para dentro do útero de modo a aumentar as probabilidades de que pelo menos um embrião se transforme numa gravidez bem sucedida. Surpreendentemente, o tratamento com tecnologias de reprodução assistida também parece aumentar a taxa de geminação MZ, mas os pesquisadores ainda não entendem o motivo.
Toda gravidez múltipla é de alto risco, especialmente se houverem mais de duas crianças. Atualmente, especialistas defendem a transferência de um único embrião de cada vez, e certamente nunca mais do que dois, uma vez que novas técnicas melhoraram as probabilidades de uma gravidez bem sucedida resultante da transferência de um único embrião de alta qualidade.
* Texto traduzido do site de nosso parceiro Australian Twin Registry (www.twins.org.au)
No Brasil não há estimativas oficiais sobre a taxa de natalidade de gêmeos MZ e DZ. Dados de estatísticas vitais, disponíveis no DATASUS, mostram que no ano de 2012 nasceram vivos 58.571 pares de gêmeos e múltiplos no país. Desse total:
As taxas de nascimentos (nascido-vivos) de gêmeos e múltiplos variam pouco entre as regiões do país, sendo maiores na região Sudeste e Sul, e a região Norte apresentando a menor taxa.
Região | Taxa de nascimento de gêmeos (pares e múltiplos) |
Norte | 15/100 hab. |
Nordeste | 18/1000 hab. |
Sudeste | 22/1000 hab. |
Sul | 22/1000 hab. |
Centro-Oeste | 19/1000 hab. |
Na América Latina de forma geral, uma recente pesquisa demográfica representativa de vários países em desenvolvimento, estimou o nascimento de aproximadamente 9 gêmeos a cada 1000 nascimentos no Brasil (1).
1. Smits J, Monden C. Twinning across the Developing World. PLoS One. 2011;6(9):e25239.